Até que me esgote a voz


quarta-feira, 4 de março de 2015

Ele está em todas as coisas

Faz-me rir, gargalhar.
Tira todo excesso, deixando-me na falta de ar.
Enche meus olhos com o impossível.
Há um mar doce em mim, a jorrar a cada fugaz despedida.
Tenho uma paixão que domina minh'alma e dá ímpeto a minha boca, mãos, pernas...
Tenho um amor que ultrapassa todas as margens do eu e abraça meu coração sempre.
Desliza sobre minhas pernas um mão amiga;
acaricia a minha boca lábios amados de um homem que eu adoro;
deita em meu peito uma admiração que cresce exponencialmente.
Ele me dá a mão e junto vamos a muitos lugares, vamos longe, porque podemos, porque queremos.
E mesmo diante de uma bifurcação estamos abraçados.
O afeto da'lma nos mantém juntos mesmo com mão que -temporariamente- não estão entrelaçadas.

Sobre o inicio do ano novo antecipado.

Ah, meu amor, a paz é tão passageira.
A paz atravessa o céu como fogos de artificio recém lançados.
E quando acaba, se desfaz sobre nossas cabeças como chama. O fogo da inquietude paira sobre nós.
A paz, assim como a guerra, deixa seus rastros, de passagem forte e fugaz.
Quem pode esperar tanta calma, tamanho sossego?
A paz atravessa o céu como fogos de artificio, e quando acaba desce a Terra como barulho.
Aqui, entre nós, meu amor; ao olhar pela janela, quem esperava ver um céu tão límpido? Ao abrir a porta de casa, quem esperava ver tudo tão arrumado?
há na paz um cheiro de primavera, florida, prestes a acabar.
Ao encontrar-se com uma rosa, bela, vívida, que acabou de desabrochar a pouco tempo do fim das flores, pergunte-, aqui entre nós, meu amor: Há na plenitude um gosto de fim?
Há na beleza um tom de morte?
A paz atravessa o campo como vento, desfazendo e refazendo tudo que a terra enraizou e enraizará.

terça-feira, 3 de março de 2015

"Um governo que quer acabar com o crack, mas não tem moral pra vetar comercial de cerveja"

Um jovem morre após ingerir demasiadas doses de álcool, e o que a justiça faz? Investiga os jovens que organizaram a festa que ocasionou a morte. Mais uma vez, como sempre, a justiça pega o problema pela ponta mais simples; mais uma vez - como sempre - a justiça atravessa a via mais rápida em busca de um tratamento indolor, indolor para quem? A família sente a dor da perda, os amigos sentem a dor da perda também e o peso de uma culpa que não deve e não pode recair só sobre seus ombros. Sabe quem não sente nada a respeito? A indústria do álcool.

Diversas festas foram canceladas após essa morte, um sinal de respeito - pelo outro, extremamente necessário nesse momento. Mas, quantos comerciais de cerveja fizeram seu ‘um minuto de silêncio’ por mais uma morte por ingestão de álcool? Quantas latas de cerveja, ou garrafas de vodca, ou litros de tequila, apresentaram nas costas de suas estruturas imagens mostrando os danos que o consumo pode causar? Ou então, quantas palestras a respeito dos perigos e malefícios do consumo desenfreado do álcool foram feitas nas escolas e universidades do país? Há algum programa que discuta o consumo de drogas – ilícitas ou não – com os jovens nos colégio e universidades do Brasil? Você sabe como e por que uma pessoa pode morrer só através do alto consumo? A maioria das pessoas sabe apenas que é perigoso de modo genérico, sem muitos ‘como’ e sem muitos ‘porque’.

Álcool é uma droga lícita no Brasil, com direito a alta divulgação e publicidade no mercado; coisa que o cigarro de nicotina não tem, por exemplo, inclusive nos maços há advertências sobre o risco de consumi-los. É claro que essas medidas, praticamente paternalistas, de indicar risco a tudo são extremamente perigosas. Mas, essas medidas - igualmente paternalistas - de coagir cancelamentos de festas são ainda mais perigosas, isso porque assim a culpa recai só sobre os ombros mais fracos, sem nunca gerar – sequer- o questionamento sobre quem é responsável por esse gatilho também.

Li muitos comentários sobre o quão idiota é participar de uma competição desse tipo (o jovem que morreu, participava de uma competição para saber quem era capaz de beber mais), mas, não li quase comentário algum sobre o quão persuasivo são as campanhas publicitárias que incentivam esse tipo de competição - de fato idiota. As campanhas publicitárias de álcool coisificam a mulher, potencializam o machismo masculino, disseminam falso estereótipos nacionais (alguém já notou que o número de negros na propaganda aumenta na época de carnaval?) e reafirmam necessidades degeneradas (do tipo: você precisa beber pra ser "cool"). Nada disso parece tão idiota quanto, senão mais? Não é absurdo que isso seja cotidiano?


Não tenho nada contra a bebida alcoólica em si, pelo contrário, sou uma consumidora. O que eu questiono é o modo como ela é divulgada numa sociedade machista, que busca a virilidade no próximo gole; o que me incomoda é a relação intima entre a droga e o governo em alguns casos, e a separação desonesta e dissimulada entre eles em outros.

E não é um tanto quanto contraditório ver que o mesmo país que não aceita o consumo e a comercialização da maconha, por conta dos riscos que ela oferece (?); é o mesmo país que não exige qualquer tipo de atitude da indústria do álcool diante dos diversos malefícios que ela causa diariamente? Não é contraditório ver a luta contra o crack, assistindo o incentivo publico ao consumo desenfreado de bebidas alcoólicas? Sejamos honestos, ninguém quer acabar com o lucro; com o caixa dois; com o glamour; tudo isso é oferecido pela indústria da droga - lícita ou não, isso também oferecido, pelo camarote da cerveja B no carnaval da Sapucaí, pelo tráfico de drogas no morro X, pelo apoio da empresa A na campanha do Senador Y....


Sejamos mais sinceros, a justiça só quer tirar das mãos esse problema, jogando-o nos ombros dos jovens que estavam e não estavam na festa e chamando-os de potencias culpados pela morte através de dolo eventual, pra mim então o dolo eventual também está nos minutos diários de propaganda ao consumo alcoólico que prega a cultura do álcool. Mas, a única droga que preocupa a população e o governo, é a maconha. E sabe por quê? Porque, sabemos muito pouco a respeito das drogas e seus efeitos, e oportunamente e levianamente ninguém quer nos informar sobre isso. 

sábado, 28 de fevereiro de 2015

asfalto, pedra, pé e giz.

A construção é um dos trabalhos mais difíceis do homem, mais incríveis e necessários também. É feita de etapas, partes, você pode inovar, reinventar, reaproveitar, recriar; mas nunca evitar ou pular passos. Ela é feita do calos das mãos, mãos de obras pesadas, que tem um trabalho árduo de erguer montanhas em planícies, criando lares em blocos de concreto.
A construção é um dos trabalhos mais magníficos, porque está no agora e no amanhã, é uma corda no precipício unindo dois lados: destemidamente impetuosa, ainda que sutil, cuidadosamente disponível, ainda que sutil.
A construção é um caminho, é um percurso, um estrada sendo atravessada; ela está nos pés cascudos que enfrentam o calor do asfalto. Pés que vão longe, que param, pés que buscam a terra como a cabeça busca ao céus. Seguimos. Como uma corda, que luta contra a gravidade, que se mantém sempre é pé, buscando unir as nuvens às águas: arrebatadoramente livre e determinadamente estática.
A construção é uma página, de um grande livro - há muito mais pra virar, é a primeira linha escrita de um poema - há uma métrica para seguir, é a primeira palavra da pergunta que ainda busca um interrogação. Feito a mãos, dentes, língua, dedos e lábios, pretensiosa e por isso preciosamente necessário.
Um processo, por vezes curto e rápido, dentro de uma metamorfose eterna. A construção.

Em um prédio, no final da rua, com dezenas de lares, em um dos quartos de uma das casas um garoto lê um livro. Ele foi escrito em uma casa, em outra cidade - é preciso pegar a rodovia para chegar lá - por uma mulher, com mãos que amam maçãs frescas. Maçãs plantadas e colhidas por um pequeno produtor agrícola de uma cidade vizinha; nessa cidade há um ilustrador que um dia leu o livro da Senhora que ama maçãs. Sem nunca a ver, desenhou-a em uma parede de uma rua qualquer, era linda no desenho, todo feito de letras. O pai, da menino que do alto do prédio lia em seu quarto,  um dia fez uma visita turística a cidade, viu as maçãs do plantador nas mercearias da cidade, viu a arte do ilustrador na parede de uma rua; levou de lembrança uma caneta para filho.
Que um dia, um pouco mais velho, escreveu no chão da rua: Eu serei construtor. E sobre suas próprias palavras, andou, seguiu, partiu e foi.

Bú?

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Mais uma sobre solidão

O que torna uma pessoa racista é se manter assim, é não tomar uma atitude diante da própria ignorância e diante da ignorância alheia e não se importar com o que isso significa. E ai, meu querido(a), não se importe, também, se eu te chamar de racista. Porque para o meu pesar, e para o aprofundamento da minha solidão nesse tema, você foi/é.

Da mesma forma que eles não querem ouvir, ela não queria precisar escrever.

Vamos falar sobre cor? Não, não vamos falar sobre cor. Meus amigos, provavelmente/normalmente, estão cansados de me ouvir falar sobre isso.
É claro que estão, é porque a maioria deles são brancos (ou sem cor, como já ouvi alguns falarem sobre si mesmo). A maioria dos meus amigos são brancos porque eu moro em Higienópolis/Vila Buarque/Consolação/Santa Cecília - o que o carteiro quiser chamar.
A maioria dos meus amigos são brancos porque eu estudei em uma escola particular (que não era cara, não mesmo!), e por não ser cara e ter muitos bolsistas e internas (meninas que por sua condição de carência moravam na escola e não pagavam a mensalidade) tinha muitos negros - mas, muitos deles não sabiam que eram negros; uma amiga minha dizia: "eu não sou negra, sou moreninha", "é o sol, se eu não pegar sol fico branquinha, que nem todo mundo"... na época isso me deixava brava, hoje tento não julgar ela e por isso nossa amizade (de certa forma) continua, eu sei que ser negra não é fácil.
A maioria dos meus amigos são brancos porque eu fiz um ano de cursinho, no Anglo Sergipe, lá tinha negros mas eram poucos - principalmente no meu horário de manhã (o mais caro, se não me engano). Ah, e lá - inclusive - tinha professores negros, eles foram os primeiros professores negros da minha vida - infelizmente, meu pai nunca me deu aula oficialmente, era só extra-curricular e não atoa o mais importante pra minha formação, apesar de extremas e determinantes discordâncias sou bastante parecida com ele!!!
E o principal, a maioria dos meus amigos são brancos porque eu estudo em uma universidade publica no Brasil; uma das melhores e mais importantes do meu país, a UNICAMP. E não o bastante eu faço um curso de artes, não o suficiente eu faço Artes Cênicas. Com quantos negros se faz uma novela? 5 no máximo, se você der "sorte". Com quanto negros se faz uma peça? Essa é uma resposta que eu ainda quero descobrir na minha vida profissional, por enquanto o que eu escuto é "você é morena de mais pra esse papel", ou "você ficaria linda de cabelos lisos!" É eu sei que ficaria, eu já alisei meu cabelo pra me sentir bonita e me senti. Isso não me tornou menos negra, nem pra mim e nem para os brancos ao meu redor - os "insultos" continuaram, mas, o meu amor por mim mesma também. E não o bastante, estou fazendo intercambio na Europa, em Portugal. Meus amigos estão cansados de me ouvir falar sobre cor, e por isso eu tenho chorado sozinha ultimamente.
É claro que eles estão cansados de me ouvir falar de cor, a maioria deles não entende racismo como eu. Porque quando eu digo que sofri um ato racista, eles acham que eu estou enganada; e assim, perante aos olhos de quase todos eu nunca sofri racismo. É que pra maioria deles, nunca é suficientemente racista algumas ações e afirmações; mas, surpreendentemente a maioria delas (pra não dizer todas) nunca foram dirigidas a eles (ao meus amigos brancos).
E é uma pena que poucas vezes eles tenham visto, ou aceitado que eu sofri um ato de racismo, é uma pena que poucas vezes eu tenha sido apoiada ou consolada em relação a isso; e mais pena ainda é saber que não foram tão poucas vezes assim que eu sofri essa dor, sozinha.
Aqui em Portugal, durante um ensaio/aula, eu ouvi de uma colega de classe: " Você não pode ser filha de fulana (fulana é branca), a menos que ela tenha sido abusada" (risos). Minha mãe é branca, e ela não foi abusada! Mas, obviamente, era só uma "brincadeira", uma "piada" que eu não entendi e não soube aceitar - como tantas outras. No mesmo dia ouvi: "você só pode fazer a escrava, né?!". Vi muitos amigos negros serem abusados aqui, como afirmações parecidas a essa; conversei com muitos africanos aqui, que sofreram/sofrem cotidianamente coisas parecidas. E a quem nós recorremos, geralmente? A poucas pessoas, ou a ninguém. Porque, geralmente, as pessoas ao nosso redor (na altas e nas baixas esferas econômicas sociais) estão cansadas de ouvir sobre racismos.
Ao contar isso e outras coisas aos meus amigos no Brasil, todos entenderam que eu sofri racismo. Mas, engraçado, um ou outro não entende que é racismo me dizer que eu não posso fazer determinado papel porque sou negra. Quantos dos meus amigos acham que eu posso fazer "Um bonde chamado desejo"? " A Gaivota"? "Romeu e Julieta"? "A Bela Adormecida"? "Senhora dos Afogados"? Vão falar que é uma questão de gênero - sim, eu entendo isso; vão falar que é uma questão de estética - sim, eu entendo isso; vão falar que é uma questão de linguagem - sim, eu entendo isso! Mas, sabe o que eu não entendo? Nosso país é um país majoritariamente negro, porque a maior parte da estética/linguagem/gênero que escolhemos é branca? Há dramaturgos negros, que inserem negros em suas histórias, por que não usamos esses texto também? Ou então por que não podemos adaptar a estética/linguagem/gênero a nossa realidade, repleta de artistas negros querendo trabalhar e com competência para serem protagonistas? Eu digo: dane-se a Nina é branca na Russia, estamos fazendo essa peça no Brasil, agora!
A maioria dos meus amigos não querem falar sobre racismo, porque ele não viram uma arma se apontada pra alguém com 15 anos, em um ônibus porque ele era negro e homem (um perigo ambulante, não é mesmo?). Mas eu vi, minha mãe também, meu irmão também. Poderia ter sido um de nós, alguém da minha família, um dos seus amigos, certo?. Mas, quem disse que não foi? Sorte que a arma não disparou, sorte que havia uma mãe lá (e o fato dela ser branca evitou alguns problemas, provavelmente), senão seria apenas mais uma estatística que você não quer contar. E que eu não quero viver, e que eu já estou cansada de temer.
A maioria dos meus amigos não quer falar sobre racismo, porque as probabilidades de emprego não estão contra eles - e isso acontece em todos os setores, não só o de artistas.
A maioria dos meu amigos não quer falar sobre racismo, porque nunca "apostaram" que ele ficariam grávidos na adolescência, só porque eles são negro. Minha família sabe disso!
A maioria dos meus amigos não quer falar sobre racismo, porque eles não são racistas. E esse é um sério problema, talvez o mais difícil de todos, pra mim.
A maioria dos meu amigos realmente não são racistas, e não atoa são meus amigos. Mas, ao não querer falar sobre o racismo, alguns de vocês estão ajudando aqueles que são racistas a se manterem no "trono" da ignorância. Alguns de vocês estão aumentando a distância entre as perspectivas de futuro de um negro e de um branco. Alguns colegas depois de ler isso ( a maioria não vai ler, porque eles realmente estão cansados de ler/ouvir falar de racismo) vão pensar: Os negros são obcecados com essa história de racismo.
Sim, muitos de nós somos e sabe por que? Nossa obsessão vem dá vontade de ter os mesmos direitos, que infelizmente a Lei Aurea não trouxe, mesmo 127 anos depois no Brasil. Nossa obsessão vem dá vontade de ocupar os mesmos lugares, que infelizmente o fim do Apartheid nos Estados Unidos e na Africa do Sul não trouxe. Nós estamos obcecados em sermos livres, mas infelizmente a Policia Militar do Rio de Janeiro e de São Paulo ainda não entenderam isso; tal qual a hide society (só o termo em inglês descreve eles, eles estão altos - perdão, hide - demais para serem descritos no português) que insiste que bandido bom é bandido morto e assim incentivam o genocídio de negros no Brasil, permitindo que jovens sejam sentenciados antes mesmo de serem acusados de quaisquer crimes - que muitas vezes nunca cometeram, antes mesmo de serem legalmente julgados. Aqui na Europa ouvi muitas vezes sobre o perigo do Rio de Janeiro e São Paulo, em todas elas concordei, mas só em uma delas tive a liberdade de dizer: RJ ou SP não é tão perigosa pra você, é mais perigosa pra mim, pro meu irmão, pros meus amigos negros.
Alguns vão pensar, "que absurdo, eu sou branco e fui roubado várias vezes, uma delas quase levei um tiro". Graças a Deus, você foi salvo pelo quase! Eu também já fui roubada, algumas vezes, e em duas dessas algumas vezes eu quase fui esfaqueada. O problema, é que eu não sei quem temer mais, jovens com perspectivas muito piores que as minhas, que vivem no "matar ou morrer" ou a justiça que vive no "matar pra manter" (manter Eikes, Thors...falando da Hide - que é quem importa, pra bem ou pra mal! Porque no cotidiano a gente já esqueceu quem matou Amarildo, Claudia, Alan...e tantos outros "sem nome"). Eu conheço vários que foram salvos da morte em um roubo ou sequestro, mas são poucos que posso citar que sobreviveram a arma de um policial. E são menos ainda o que obtiveram, ainda que póstuma, a honra da justiça feita.
E por fim, eu tomei uma decisão, eu não vou mais me calar (porque acreditem se quiser, eu me mantive sim calada na maior parte das vezes, falando para poucos, ouvindo o contrário de muitos). E é claro que alguns de vocês, muitas vezes não me entenderam - eu definitivamente não culpo vocês - é que às vezes, como agora, doi tanto que é dificil tornar inteligivel o que eu digo. E aí, o que eu peço é paciência. Porque eu sei, que em alguns casos eu causei dor, gerando alguma injustiça; mas, tente imaginar a dor que eu senti ao sofrer, ou ao tentar me expressar sobre algo tão pungente e não conseguir, ou ao me ver constantemente sozinha diante desses casos.
Eu não vou mais falar de forma genérica. Não sou eu quem tenho que me envergonhar. eu não vou mais esperar um apoio - que em geral eu não vou ter.
Seria tão bom se alguns dos meus amigos, ou colegas, tivessem um ouvido tão bom pra detectar racismo, como têm pra detectar o que não é racismo. Muito do meu sofrimento teria sido evitado, muito da minha dor teria um ombro real para se apoiar...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Eu tenho medo de você

De mim?
Sim!
De toda essa força que vejo nos teus braços,
prestes a atacar o mundo, poderosos construidores.

Vejo nos teus olhos o fogo,
de uma paixão incontrolável pela vida,
destemido olhar para o eu.

Que terríveis mãos são essas?
Mãos de gigante.
Seguram as pernas,
obrigando o bater das asas.

Tentadores lábios,
tantas dores, palavras,
na armadura também tens um gatilho.

Na busca por um tendão de Aquiles,
um calcanhar que te derrubasse a mente,
achei teu peito exposto, pulsando por um leito.
Achaste abrigo no meu seio para um ultimo fatal tiro: um beijo.

Bú?